quinta-feira, 13 de setembro de 2007

NOME AOS BOIS

Como diziam as mães de antanho: o exemplo vem de cima! Esse é o caso a que me refiro. Exemplos aos quais temos sido submetidos nos últimos tempos: corrupção, prevaricação, mentira, corporativismo, muito dinheiro por fora e por dentro de escusos lugares... nenhuma novidade.

Contudo a coisa tem ficado mais exagerada, mais deslavada e, os três poderes combinados para manter privilégios e livrar a cara dos parceiros e protegidos envoltos em falcatruas diversas.

Reclamar e protestar não tem adiantado... pensar então em alternativas, para que nós pagadores de impostos sem o devido retorno, tenhamos a chance de mostrar nosso, digamos, “mal estar”.

Diante Festival do Vale Tudo no Papel, usaremos o boi como ícone para nossa idéia.

Todos sabemos que “comprar gado” sempre foi uma opção da elite financeira para lavar, com amaciante, lucros e escapar do fisco. Boi é patrimônio vivo, difícil de contar, regido por leis de mercado onde inconstância é constante. O valor da cabeça está ao sabor de safras e entressafras, região e clima. Quando se tenta calcular o preço do bicho, a vaca vai pro brejo!

Com o intuito único de avacalhar(!) o sistema, entabulei um forma original de protesto. Vejamos...

Tem gente inventando dependente para enfrentar o Leão, em vez disso vamos registrar bovinos como dependentes para abater (termo apropriado) do imposto a pagar, ou aumentar o valor do lote.

Simples demais, na declaração inclui-se uma propriedade herdada de um parente longínquo, numa localidade dessas que não estão no Google Earth, tipo Santa Bereba da Anágua Curta, para dar origem ao plantel. Na seqüência, vamos dar nome aos bois, para que possam ser inclusos na declaração: Mimosa Calheiros, Prendada Viana, etc.

Com nomes, datas e locais fictícios, “criar” (sinônimo de falsificar) certidões de nascimento com scanner e photo shop, para se requerer o necessário CPF.

Preencher e enviar, sem nenhuma culpa. Se numa porventura dessas, os fiscais da receita acharem por bem pentear a tua declaração, entre firme, com um agravo de instrumento (acho esta expressão ótima), alegando júris imprudência, in causa nostra.

Considerando que se o Presidente do Congresso pode apresentar comprovantes e documentos estapafúrdios e desculpas para boi dormir e ser absolvido na moral, nós eleitores também temos todo o direito a essas prerrogativas, afinal o circo foi armado no planalto central e já estamos cheios de fazer apenas o papel de palhaço coadjuvante.

domingo, 2 de setembro de 2007

COMER, COMER...




Quero crer que a ignorância deva ser usada de forma moderada, vejam meu caso, sempre acreditei que somente os sentidos da visão, da fala e da audição é que poderiam gerar cegueira, mudez e surdez... falta de tato é outra categoria! Achava que ninguém sofria de falta de paladar ou de olfato. Ledo engano, a percepção empírica me leva a crer que muita gente não tem menor senso palativo.

Como explicar as montanhas que se encontram nos pratos consumidos nos bufês da balança? Coxinha, banana, torta fria, arroz feijão, guisado com couve, bife a milanesa, batata frita (sempre), tomate, salada de maionese, massa com salsicha, croquete de ontem e o escambau, sem nenhuma configuração ou arranjo prévio.

A única explicação é a total falta de capacidade de sensibilidade gustativa, ou seja, o desgosto. Para enfrentar estas misturebas, só não sentindo gosto de absolutamente nada. Se não acreditam façam a experiência... coloquem um bastantão deste no liquidificador e, bem não vale a pena.

Também deixo de me reportar a bufês de cachorro quente para não ficar repetitivo.

Poderias estar pensando, com aquele pequeno ranço de preconceito que todos carregamos... - Isto é bem coisa de pobre!

Mas antes de chegar a esta conclusão vamos falar de doces. Eu acho que fazer receitas, com ovos, açúcar, chocolate, leite, farinha... uma dificuldade, são pontos de caldas, medidas certas e cozimentos esmerados.

E toda esta delicadeza e capricho vão para espaço, nas famosas mesas de sobremesas das filantropias e festerês, quem já viu sabe que as bem trajadas se atiram sem pudor, demonstrando a mesma falta de paladar do exemplo acima. Com misturar, pudim de clara, mousse de maracujá, pavê de trufas, figo em calda, tortas merengadas nos mesmo prato e conseguir sentir as diferentes texturas, sabores e sutilezas?

A gastronomia é uma ciência dos sentidos e o respeito a regras mínimas de bom senso ajuda muito a aproveitar e curtir as maravilhas da boa cozinha.

Lombinho Caseiro


A simplicidade do cardápio não implica na falta de esmero e capricho. Cardápio típico de domingo, lombo de porco no forno, maionese de batatas e farofa. Frugal, será? Proponho um passo a passo não para ensinar, mas para comparar roteiros, idéias e ousadias.

Penso em ingredientes que possam ser usados nos três pratos para facilitar e dar um toque de mesma paleta nas comidas.

Um lombinho daqueles do Castro que ficam pendurados em posições sedutoras, sem vergonhamente convidativos, uma metade de quilo e meio.

Cebolas pequenas de conserva (não em conserva), alho graúdo daquele meio arrocheado, galho de alecrim fresco, no sentido politicamente correto do termo, ramos de salsinha, sempre impliquei com molhe ou molho de, um pedaço de bacon daqueles com carnudos. Os temperos são vinagre, gosto muito de um de manjericão que anda a solta nas prateleiras da cidade, azeite do bom, shoyu, sal e uma calabresa flocada!

Primeira providência temperar o porco alguma hora antes. Vinagre, sal, alecrim, para marinar. Pique metade das cebolas e o alho em pedaços graúdos, misture com o shoyu e a calabresa se és chegado(a) numa picância.

Agora vamos a um procedimento deveras sophistiquè, lardear o lombo. Faça furos com uma faca pequena na superfície superior do lombo (científicidade). Espete o dedo para alargar o furo - pode se chamar este colóquio singelo e sem malícia, de penetração estética. Coloque em cada buraquinho um pedaço alho e outro do bacon, ambos em cubinhos. Misture as cebolas com o shoyu e temperos com a marinada, devolva o lombo e dê um belo banho do molho.

Enquanto o lombo descansa da intervenção cirúrgica, encarregue-se da maionese, cozinhe batatas de mesmo tamanho, para os pedaços ficarem parelhos, sei que dá mais trabalho até para acertar o ponto de cozimento, mas o gosto melhor é o da batata cozida com casca. Aproveite para colocar meio dente de alho, cortado de qualquer jeito, na água do cozimento. E também de dois ovos, temperatura ambiente, para aproveitar o fogo.

Acenda o forno, faça uma cama com as cebolas e alhos da marinada na assadeira. Duas a três voltas de azeite, deposite com picardia e espírito altaneiro o lombo em sua derradeira cama! Acrescente algumas cebolas inteiras para fazer o contorno. Cubra com resto da marinada, outra voltinha de azeite e leve ao forno coberto por tênue folha de alumínio.

Batatas cozidas al dente, escorra e descasque, dê uma borrifada enquanto ainda estão quentes, de vinagre, quando esfriar corte em gomos tipo bergamota. Coloque em travessa rasa, salpicar com salsinha e salgar.

Descasque os ovos, devidamente esfriados e separe as gemas, corte a clara em pedacinhos e aplique nas batatas. Em uma xícara grande, coloque as gemas cozidas e mais um crua, vá batendo com vigor e cuidado, acrescentando óleo em fio (recomendo óleo de arroz), produzindo umas das minha alquimias favoritas da culinária, maionese batida à mão. Não tem igual!

Calma meu caro, não vá despejando e misturando nas pobres batatas, elas não tem culpa de nada... Deixe a maionese em uma cumbuca para ir desacompanhada à mesa. Cada qual se serve como quiser e onde achar mais conveniente. Mesma coisa com cebolas, , na hora fica bom mas se sobrar salada, mesmo guardando na geladeira a cebola vai ficar com gosto ativo. Por isso também servir tiras finas de cebolas, passadas na água gelada, à parte.

Neste meio tempo (como assim meio tempo, dá para cortar o tempo e rodelas?), verifique o lombinho, tire o alumínio, vire a criança e coloque um pouco de água na forma, para não “pegar” e ir formando o molho. Volte ao forno, fogo médio.

A farofa é barbada, frite na manteiga os dadinhos de bacon que você espertamente deixou sobrar do processo de lardeamento aquele, frite até dourar, escorra o grosso da gordura e despeje a farinha, misture bem agregue sal e desligue o fogo, continue misturando (colher de pau por certo), até escutar o som inconfundível de farinha tostada.

Dê a última dourada, com a gordurinha para cima, no lombo, se o pote de mel estiver por perto, misture uma colherada generosa com um pouco de molho da forma, e pincele sobre a carne (gosto e cor!) e devolva para a derradeira forneada.

Corte o lombo em fatias parelhas, passe para outra travessa e despeje o molho sobre as fumegantes postas, salada e farofinha... e tem gente que não acredita no divino.

Não falei de arroz, pois acho que este trio prescinde do soltinho, mas tem gente que vive sem!

Esta hecha la trampa. Fico esperando sugestões e idéias de pratos típicos da culinária caseira e singular.