sexta-feira, 23 de julho de 2010

fOme moNu meNTal

publicado no Diário Popular em agosto de 2004, continua atual, creio.


De novo o assunto da reforma do Mercado Público... leio ávido aquelas informações sobre terraços, espaços e mudanças!
A saliva velha de guerra começa a emergir volumosa, a larica bate com força, uma fome quase que ancestral toma conta desta alma...
Oras bolas, este menino, o juízo perdeu, podereis pensar.
Explicar-me-ei. Muitos compartilham minhas idéias de reapropriação do Mercado de Pelotas de uma maneira mais cidadã e moderna.
Portanto começo a dar forma ao Mercado dos meus devaneios. Imaginem um espaço central, histórico e charmoso repleto de pontos e recantos com um cunho, diríamos assim, gastronômico!
Consigo ver vários botecos de categoria onde croquetes, pastéis, camarões fritos, bolinhos de batata disputam uma surda disputa pelo gosto dos clientes. Cervejas de várias marcas e chopp bem tirado, destilados e schnapps completariam uma gravura a la Bruegel.
Restaurantes meio bistrôs, meio beira de estrada, ar e comida caseira, comida típica do sul, da região e até deste mundão velho... Itália, Japão, Portugal, Líbano, China.
Uma boa  parrilla pilotada por hermanos daria aquele toque continental ao lugar.
Seria o paraíso para os que se aventuram nas lides da cozinha. Açougues limpos, diferenciados por tipo e cortes de carne, rês, ovinos, emplumados, exóticos e até caça. Galinhas da colônia, vivas quem sabe, seriam mais uma atração.
Produtos típicos da região teriam espaço privilegiado, ervas para o mate, mel e rapaduras, geléias e chimias, licores e vinhos. Sem esquecer o peito de ganso defumado. Além das quitandas com os agroelemnetos da época colhidos no entorno, orgânicos, porque não?
Certamente alguma banca vai se ver obrigada a dispor dos nossos tradicionais docinhos, afinal esperamos uma grande afluência de turista neste templo da culinária local.
Não ficaria completo sem bancas de temperos e especiarias, tomilho, estragão, aliche, açafrão, azeitonas e cogumelos e conservas. Outra banca se encarregaria de fornecer queijos e vinhos. Ao lado de uma delicatessen com fiambres diversos, embutidos e defumados e um que outro acepipe para aquela reunião petit comitê. Ah, charque de rês  e de ovelha seriam obrigatórios!
E como breve teremos uma fábrica de gelo na Z-3, as tradicionais peixarias poderão apresentar ao público seus produtos fresquinhos sobre aquelas lindas montanhas de gelos que conhecemos de outros mercados.
Imagino até cursos de culinária para os vendedores, com ampla distribuição de receitas e preparos diferenciados, seguindo um modelo dos açougues do interior da França onde os atendentes fazem questão de explicar tim  por tim por  como se prepara cada corte de carne, acompanhamentos e até o tipo de pão que deve se usar para se resgatar o molho que ficou no prato.
Sabedor sou que nem só de comida sobrevive o homem, por isso acho que artesanato local pode e deve dizer e se fazer presente, quem sabe diminutas “pelotas”, o barco de couro aquele como lembrete para turistas?


2 comentários:

Valéria Barros Nunes disse...

este blog me dá água na boca, sabia? :-)

Francisco Antônio Vidal disse...

Por ser atual, reproduzirei no meu blog, que também tem fome de melhores Pelotas.

Temo que o artigo seguirá sendo "atual" por muitos anos.